28 de jun. de 2010

“POR ESTA CAUSA ME PONHO DE JOELHOS”



SEGUNDO TEMA: QUEBRA DE MALDIÇÕES

Sei que este é um assunto polêmico para muitos cristãos, mas não para mim. Sempre tive uma visão, que considero bíblica, sobre este assunto. Sei que existem livros sobre este assunto, além da Bíblia, mas não devem definir minha posição. Muitos livros existentes no mercado (já li alguns por força do ministério pastoral) são baseados na experiência do autor ou autora e acredito que "experiência" não pode suplantar a Palavra de Deus. Muitos servos de Deus "comungam" comigo sobre este assunto
O que a Bíblia ensina é suficiente para entender e combater as maldições.
Já faz muito tempo que o povo evangélico tem ouvido ensinamentos a respeito de maldições hereditárias e outros tipos. A Bíblia fala sobre maldições, mas a questão é que algumas pessoas querem nos convencer de que, mesmo sendo convertido, o indivíduo ainda continua amaldiçoado, precisando, portanto passar por uma "quebra de maldições".
Outros chegam ao extremo de afirmar que o cristão autêntico pode ser possuído por demônios. Tais ensinos não encontram fundamento nas Sagradas Escrituras.
O Novo Testamento é o padrão para a Igreja. Seus autores jamais tratam os cristãos como amaldiçoados ou endemoninhados, mas sim como justos santos e benditos de Deus (Cl. 1.2; Hb. 3.1; Mt. 25.34; At.3.26; Ef. 1.3; Gál. 3.9).
Não encontramos na Bíblia nenhum processo pós-conversão para quebra de maldições hereditárias. Os apóstolos não passaram por isso, nem os demais irmãos da Igreja Primitiva.
Toda maldição na vida do cristão foi desfeita na cruz do Calvário (Gl. 3.9-14) e isto se aplica no instante em que o indivíduo aceita Jesus como seu Senhor e Salvador.
A Bíblia não fala a respeito de nenhum outro momento ou método de se quebrarem maldições.
Há quem ensine que cada maldição deve ser quebrada de modo específico, sendo detectada e declarada pelo amaldiçoado. A Bíblia não ensina isso.
Quero usar três palavras para descobrir o significado de maldição.
A primeira delas é ALAH.
Este vocábulo encontrado no Antigo Testamento descreve uma maldição com origem na quebra da aliança com Deus.
Em Dt. 27 e 28, quando Deus realizou um pacto com o seu povo, adverte: “ninguém que, ouvindo as palavras desta maldição [ALAH], se abençoe no íntimo, dizendo: Terei paz, ainda que ande na perversidade do meu coração”; e, ainda diz mais: “O SENHOR o separará de todas as tribos de Israel para calamidade, segundo todas as maldições [ALAH] da aliança escrita neste livro da lei.”
Também no livro de Daniel, quando ele se refere aos castigos do descumprimento da lei, lemos: “Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se, para não obedecer à tua voz; por isso, a maldição [ALAH] e as imprecações que estão escritas na lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós; porque temos pecado contra ti.”
Podemos dizer, então, mais uma vez que ALAH é a expressão bíblica usada para descrever a maldição advinda da quebra da nossa aliança com Deus.
A Segunda palavra é QALAL. Este termo no sentido básico de sua raiz quer dizer “diminuir”, “lidar desdenhosamente”, “ridicularizar”, “zombar”. Significa desejar a alguém uma posição inferior ou rebaixá-la de seu estado. O veículo que canalizará este tipo de maldição é a língua. Na antiguidade atribuía-se grande poder à palavra falada, e cria-se que zombar ou proferir uma sentença verbal negativa a qualquer pessoa podia realmente levantar ou provocar poderes destrutivos que iriam diminuir sua felicidade.
Os pagãos achavam que podiam manipular os deuses através de suas palavras. É devido a isso que vemos Golias amaldiçoando a Davi (1Sm 17:43) e Balaão sendo chamado para amaldiçoar Israel (Nm 22:6). O salmista diz também que os inimigos estão constantemente proferindo maldições (Sl 62:4; 109:28). QALAL foi ainda usada para expressar o desprezo que Hagar tinha por Sara (Gn 16:4-5). No entanto, é bom que se frise o que está escrito em Provérbios: “Como o pássaro que foge como a andorinha no seu vôo, assim, a maldição [QALAL] sem causa não cumpre.” (Pv. 26.2). Sendo assim, uma QALAL infundada não tem valor algum.
Em síntese, esta palavra sempre aparece associada à idéia tradicional de “lançar uma praga”, “proferir uma maldição”, “verbalizar algo ruim contra uma pessoa ou objeto”. Seus efeitos podem ser trágicos e duradouros, do ponto de vista espiritual se houver "causa" ou "brecha".
Em último lugar temos a palavra ‘ARAR. Esta palavra é usada pelas Escrituras para descrever uma pessoa debaixo da maldição.
Agora, na análise da raiz deste termo, a interpretação do hebraico Arar significa ‘prender (por encantamento), cercar com obstáculos, deixar sem forças para resistir’.”
Basta uma rápida olhada no significado de Arar e notaremos que é exatamente o contrário de Barak (ou seja, bênção). Enquanto barak libera o indivíduo para “prosperar”, uma Arar irá prendê-lo, cercá-lo, ou seja, nada irá de fato “andar”.
Bênção e maldição são princípios ativos que, por intermédio de forças espirituais (divinas ou diabólicas), poderão arruinar ou edificar as diversas áreas da vida humana. A obediência aos princípios divinos atrai a bênção, mas a desobediência pode ser fatal, subjugando a pessoa a uma maldição que poderá neutralizar muito os seus potenciais.
Uma coisa é importante: as duas maldições anteriormente analisadas, Alah e Qalal, tão somente representam aspectos descritivos, ou seja, predizem o que poderá acontecer, mas Arar é a maldição já acontecida, ou seja, concretizada. Arar é a condição a que se chegou depois que uma Qalal ou Alah foi movimentada contra alguém. Arar é o estado de amaldiçoado com todas as suas implicações.
O termo ‘ARAR aparece em diversas passagens bíblicas, sempre com esse mesmo sentido. Em Gn. 3:14, Deus disse à serpente: “maldita és entre todos os animais domésticos”; e no versículo 17: “maldita é a terra por tua causa”. No capítulo 4 de Gênesis Deus também diz a Caim, “maldito por sobre a terra” (v. 11).
Mas, repetindo, não basta que a maldição seja proferida. Para que se realize, ela precisa ter uma razão concreta. Se um pai amaldiçoar um filho, isso não se concretizará se o filho não for merecedor daquele mal, ou seja, se ele estiver inocente naquela situação.
A palavra maldição é usada indevidamente para designar uma série de males na vida das pessoas, inclusive de cristãos verdadeiros, fazendo-se uma confusão muito grande em torno da questão. Mágoas, traumas, resultados de escolhas pessoais, conseqüências de pecados, doenças hereditárias, a força do exemplo dos pais, provações, tribulações, dependência química, física ou psicológica, natureza pecaminosa e hábitos pecaminosos são confundidos com maldição. Em alguns casos, talvez isto seja até uma forma de se esquivar da responsabilidade que cada um tem sobre seus próprios erros. É mais cômodo colocar a culpa nos pais ou em outros antepassados.
Após a conversão, precisamos passar por algum processo? É claro que sim, mas não se trata de "quebra de maldições", senão de uma busca constante pelo conhecimento bíblico que nos proporcionará mudança de mente (Rm. 12.2), crescimento espiritual e intimidade com Deus. O ex-viciado precisará de um acompanhamento, e talvez de uma internação, para desintoxicação e isolamento em relação ao contato com a droga, mas isso nada tem a ver com maldição.
Se a divergência fosse apenas de ordem semântica, nada haveria de grave. Se chamarmos determinado problema de "trauma" ou de "maldição", talvez seja só uma questão do nome que se dá. Entretanto, quando alguém diz que o convertido está carregando maldições hereditárias, faz uma afirmação contrária à palavra de Deus. Onde fica o valor do que se lê em II Co. 5.17? "Se alguém está em Cristo, nova criatura é. As coisas velhas se passaram e eis que tudo se fez novo". Se isso não se aplicar a uma libertação espiritual, que aplicabilidade terá? O convertido passa a ser "herdeiro de Deus" e não um herdeiro de maldições (Rm. 8.17).
Para que se quebrem maldições, algumas pessoas querem que façamos uma retrospectiva a fim de confessarmos pecados cometidos antes da conversão. Contudo, a Bíblia não estabelece tal exigência para ninguém. Se isto fosse necessário, imagino que uma pessoa que se converte aos 80 anos de idade, precisaria passar alguns anos confessando pecados. E mesmo assim, não existe garantia de que teria se lembrado de todos. O ladrão que morreu ao lado de Cristo não confessou cada um de seus pecados, mas, ainda assim, foi purificado e salvo imediatamente. E mesmo que vivessem ainda muitos anos, não precisaria fazer tal confissão, pois isso nunca foi exigido de nenhum daqueles que se converteram no período do Novo Testamento. Se fizermos tal coisa, estaremos negando ou menosprezando a obra que Jesus fez em nós no momento em que nos entregamos a ele.
Se pecarmos depois de convertidos, vamos confessar cada pecado (I Jo. 2.9), mesmo porque não vamos esperar que os pecados se acumulem para fazermos uma confissão "no atacado".
Algumas pessoas, depois de passarem por processos de "quebra de maldição", verificam que os problemas identificados continuam. Ficam frustradas e desanimadas.
A causa está no falho diagnóstico e no remédio inadequado. Certas situações físicas, naturais, econômicas, sociais, etc, continuam inalteradas após a conversão, mas isso não significa maldição. Afinal, os novos convertidos continuam tendo uma história e elementos presentes que são resultados de suas escolhas passadas. Por exemplo, o pobre continua pobre. Isso não é maldição. Trata-se de uma condição social que pode ser mudada, mas não obrigatoriamente em virtude da conversão. O Novo Testamento fala sobre escravos que se converteram ao cristianismo. É claro que se tratava de uma situação inadequada e indesejável. Quem pudesse se libertar não deveria perder a oportunidade, mas a continuidade da escravidão não era tratada como maldição.
Depois de convertidos, será que podemos atrair novas maldições sobre nós? Claro!
Isso pode acontecer, caso nos desviemos do Evangelho, escolhendo uma vida de pecado, de desobediência aos mandamentos de Deus. Mas, ainda assim, não há que se falar em maldições hereditárias. Serão maldições pessoais e intransferíveis. Os apóstatas podem ficar possessos (I Sm. 16.14), mas não os cristãos fiéis e perseverantes no caminho do Senhor. Aquele que se desvia pode ter de volta o demônio que antes o dominava, acompanhado de outros sete piores do que ele (Mt. 12.45).
Todo convertido precisa se encher do conhecimento da Palavra de Deus. Assim, conhecerá e assumirá sua posição espiritual, deixando situações que, em virtude da ignorância, continuariam em sua vida, podendo vir a ser confundidas com maldições. Nessa linha de raciocínio incluímos os traumas, mágoas, etc. O perdão é um remédio eficaz para as feridas da alma, que não devem ser confundidas com maldições.
A vida cristã não nos oferece imunidade contra o sofrimento. Podemos ser acometidos por provações, tribulações e até aflições (Jo 16.33).
A bênção e a maldição não podem estar sobre a mesma pessoa ao mesmo tempo.
Os filhos de Deus não são malditos nem podem ser. Somos bem-aventurados porque Jesus nos salvou e nos libertou. Não temos demônios nem podemos tê-los, porque somos o templo do Espírito Santo que habita em nós (I Co. 3.16; I Jo 5.18).
Precisamos dobrar nossos joelhos para humilhar-nos diante do Pai, reparando, fechando todas as “brechas” para maldições.

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