12 de jun. de 2010

DESISTINDO DA ESPERANÇA


Em Lc. 7:11-17 leio sobre a ressurreição do filho da viúva de Naim; fato que só Lucas registra.



Nos dois milagres deste capítulo vejo uma "progressão" onde, primeiro um "quase" morto é curado e depois um morto é ressuscitado.



Como o tema que coloquei nessa meditação, que não é meu, lí em algum lugar. Aquela cena do enterro, a tristeza da mãe e, certamente, a consternação do povo com ela, mostra que a esperança de reverter a situação também estava sendo enterrada.



Não era só o filho único, mas o suprimento daquela viúva, a segurança e apoio que a prole dava a uma mãe naquela época (ou em todas as épocas), os sonhos, tudo estava sendo levado para o cemitério.



Numa época onde só quem tinha dinheiro podia "contratar" músicos e carpideiras para o enterro do parente, aquela multidão que a acompanhava, tocada pela desgraça da mãe, a acompanhava sensibilizada pelo ocorrido.



Olhando "de fora" um fato comum, que acontecia muitas vezes por dia.



Olhando "de dentro" uma tragédia sem tamanho.



Vejo três grupos se encontrando naquele momento: Os discípulos, a multidão que acompanhava Jesus e a multidão que acompanhava a viúva.



Não vejo Jesus querendo aproveitar a situação para ensinar algo aos seus discípulos, ainda que ele sempre ensinava, principalmente pelo exemplo (como bom mestre que era). Não vejo ele querendo mostrar seu poder para a multidão que o seguia, ele nunca quis aparecer. E não vejo Jesus querendo impactar a multidão que chorava com a viúva ou da situação dela.



Só vejo Jesus tendo compaixão. Quando ele fala para ela não chorar, não é um pedido descabido diante da situação, mas é uma demonstração de empatia, tristeza, misericórdia e reconhecimento da dor atroz que ela estava sentindo.



Uma dor que ele compartilha com todos os que sofrem diante de situações acima de suas forças, que acontecem sem que eles possam fazer algo ou mesmo causadas por seus erros.



Ainda que o texto não diga que ele chorou, como na morte de Lázaro seu amigo, eu imagino que seus olhos se encheram de lágrimas, vendo aquela mulher se dirigindo ao lugar de sepultamento de seu único filho.



Um véu pesado sobre a cabeça, um olhar ora fixo no chão, ora colocado no filho embrulhado em panos, num caixão ou estendido numa esteira, carregado por homens acostumados a função. Olhos sem expressão, um andar "arrastado" pelo caminho outrora percorrido no enterro do marido e os ombros encurvados pelo peso da situação. Muitos chorando, lamentando a desgraça. O barulho da tragédia enchendo o ar. Naquele portão, todos paravam para ver o acontecido.



Jesus viu e resolveu intervir. Ele não podia ficar indiferente a tragédia daquela mulher, do mesmo modo que, hoje, não fica indiferente as nossas próprias mazelas.



Sem medo do que poderiam dizer, tocou no caixão.



Sem medo de se contaminar, tocou na "ferida" aberta no peito daquela mulher.



Sem medo de se expor, tocou naquela situação de desesperança.



É impossível ser o mesmo depois de ser tocado por Jesus!



Aquela mulher era o personagem principal da cena, mas quando Jesus entrou em cena, o final foi diferente.


É revelador saber que Naim significa aconchego, tranquilidade, calma.

É isso que acontece quando Jesus chega perto e nos toca profundamente.

Sabe de uma coisa? Quando "morremos" somos tocados sem reservas.



Paz!

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