23 de jan. de 2011

FIGUEIRA SEM FLÔR

Estou de férias nesta segunda quinzena de Janeiro, mas como ainda não viajei, fui na igreja, na Vila mesmo. Fui não como pastor, algo impossível, pois o povo não quer saber se estou de férias ou não, mas como ovelha. Pensei em ir noutra igreja, mas nada como ir onde me “sinto em casa”.
Foi a Glória que dirigiu o culto e pregou. O tema foi “Alegria apesar das circunstâncias”.
Ela usou os fatos trágicos que vimos recentemente, devido as chuvas, para introduzir a mensagem baseada em Hc. 3: 17.
Neste texto temos uma das maiores declarações de fé em Deus. O profeta, inspirado pelo Espírito Santo, “canta” sua confiança, apesar das circunstâncias.
Saí da igreja “ruminando” a mensagem e, observei que o profeta Habacuque, para ilustrar seu sentimento, usa alguns produtos agro-pastoril simbólicos para Israel: Figueira, videira, oliveira, ovelha e vacas, sem falar nas culturas do “campo”.
Acordei de madrugada pensando na figueira.
Junto com a oliveira e a videira, a figueira é uma das plantas mais destacadas da Bíblia, sendo mencionada em mais de 50 textos.
A figueira é nativa da Ásia, de Israel, da Síria e do Egito, e é famosa por sua notável longevidade.
Embora esta árvore também seja encontrada de forma silvestre, para produzir bons frutos, ela precisa de cultivo. É bastante adaptável a vários tipos de solo, crescendo bem até mesmo em solo rochoso. Pode atingir a altura de uns 9 m, com um tronco do diâmetro de uns 60 cm, e tem ramos que se espalham amplamente. Embora seja primariamente apreciada pelos seus frutos, é também muito prezada pela sua boa sombra. As folhas são amplas, tendo até 20 cm ou mais de largura.
A primeira menção da figueira é com respeito ao uso das suas folhas costuradas como cobertura para Adão e Eva. (Gn. 3:7) Em algumas partes do Oriente Médio, folhas de figueira ainda são costuradas e usadas para embrulhar frutas, e para outros fins.
Basicamente, há duas safras de figos produzidas anualmente pelas figueiras: os primeiros figos maduros, ou figos temporãos, que amadurecem em Junho ou no começo de Julho, e os figos serôdios, que crescem no lenho novo e constituem a safra principal, amadurecendo em geral a partir de Agosto.
Os figos temporãos podem ser facilmente sacudidos para caírem da árvore, quando maduros, e são apreciados pelo seu sabor delicado.
Por volta de Fevereiro, os primeiros botões dos frutos surgem nos ramos da estação anterior, e eles precedem às folhas em cerca de dois meses, visto que as folhas só costumam aparecer no fim de Abril ou em maio. Em Ct. 2:13, mencionam-se os primeiros sinais do amadurecimento dos novos figos verdes em conexão com as videiras em flor, floração que começa por volta de Abril.
Portanto, na época em que a árvore está coberta de folhas, ela também deveria ter frutos. A figueira que Jesus Cristo amaldiçoou parece ter tido folhas anormalmente cedo, visto que então era o dia 10 de nisã (Março/Abril) do ano 33. Sua aparência dava motivos para se esperar que tivesse também frutos precoces, próprios para consumo, e o registro em Mc.11:12-14 indica que Jesus se chegou à figueira pensando nisso, embora "não fosse a estação dos figos", quer dizer, a época para a colheita dos figos. Ter a árvore somente folhas mostrava que não ia produzir nenhuma safra, e, portanto, era enganosa na sua aparência. Jesus amaldiçoou-a como improdutiva, fazendo-a secar-se.
Os figos eram uma fonte básica de alimento nos tempos bíblicos e continuam a sê-lo em diversos países do Oriente Médio. Eram transformados em “tortas de figos prensados”, convenientes para transporte. Uma torta assim foi usada como cataplasma no furúnculo do Rei Ezequias, e tortas deste tipo ainda são usadas desta maneira hoje no Oriente Médio.
A figueira e a videira são mencionadas juntas em muitos textos, e as palavras de Jesus em Lc. 13:6 mostram que as figueiras muitas vezes eram plantadas em vinhedos.
A expressão “sentar-se cada um debaixo da sua própria videira e figueira” (1Rs 4:25) simbolizava condições pacíficas, prósperas e seguras..
Em vista do destaque da figueira na vida das pessoas, é compreensível por que foi tantas vezes usada nas profecias. Por causa da sua importância como alimento para a nação, o total fracasso duma safra de figos seria calamitoso. De modo que a figueira recebeu menção especial quando se predisse a destruição ou ruína daquela terra.
A própria nação de Israel foi comparada por Deus a duas espécies de figos. (Jr. 24:1-10).
Jesus, para ilustrar que se poderia reconhecer os falsos profetas pelos maus frutos deles, citou a impossibilidade de se colherem “figos dos abrolhos”. (Mt 7:15, 16).
O fato de a figueira “brotar folhas” em meados da estação da primavera foi usado por Jesus como indicador bem conhecido do tempo. (Mt 24:32-34).
Não foi em vão que o profeta cujo nome significava “aquele que abraça ou agarra”, usou a figueira sem flor como exemplo de uma catástrofe.
Agarrar-se” em Deus era e é a única opção em tempos de tragédias, crises, acontecimentos inesperados, tempos de “figueira sem flor”.
É isso aí!

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