Rm 8.26,27: “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos”.
Este é o grande mistério da oração. Este é o delicado mecanismo divino que as palavras não podem interpretar e que a teologia não pode explicar, mas que o humilde cristão conhece, mesmo sem entender.
Ah! os pesos de oração que carregamos, mesmo sem os entender!
Quantas vezes o nosso coração se derrama sem mesmo articular palavras, com uma intensidade que nem podemos compreender!
E contudo, sabemos que isto é um eco do trono e um segredar do coração de Deus. É muitas vezes antes um gemido do que um cântico, um peso, mais que um vôo. Mas é um peso bendito, e um gemido cujos meios-tons encerram louvor e um gozo inexprimível.
É um gemido inexprimível, como diz o texto. Nós mesmos não o podemos expressar sempre, e às vezes não podemos senão entender que é Deus que está orando em nós por algo que precisa do Seu toque, e que Ele entende.
E assim podemos simplesmente derramar tudo o que está no nosso coração, o peso que oprime nosso espírito, a tristeza que nos esmaga, sabendo que Ele ouve, Ele ama, Ele entende, Ele recebe; e Ele separa da nossa oração tudo o que é imperfeito, ignorante e errado, e apresenta o restante como o incenso do grande Sumo Sacerdote, diante do trono, nas alturas; e a nossa oração é ouvida, aceita e respondida em Seu nome.
Não é necessário estar sempre falando com Deus e ouvindo Sua voz, para estarmos em comunhão com Ele. Há uma comunhão inarticulada, mais doce do que palavras.
A criança pequena pode sentar-se o dia inteiro ao lado da mãe atarefada e, embora poucas palavras sejam trocadas e ambas estejam ocupadas — uma com os brinquedos, e outra com o serviço — podem ambas estar em perfeita comunhão.
A pequena sabe que a mãe está ali, e sabe que está tudo bem. Assim, o santo e o Salvador podem passar horas em silenciosa comunhão de amor; mesmo ocupado com as coisas mais comuns, ele está consciente de que cada coisa pequena que faz é tocada pela cor da Sua presença e o sentimento da Sua aprovação e bênção.
Então, quando pressionados por fardos e dificuldades complicados demais para serem postos em palavras, ou misteriosos demais para serem expressos ou compreendidos, como é bom cair nos Seus braços de amor e simplesmente soluçar ali a tristeza que não pode¬mos exprimir!
Todavia, mesmo tendo este recurso divino, não aproveitamos, não usamos ele. Muitos vivem uma vida sem receberem esta graça, este dom. Apenas articulando palavras, limitadas, tendenciosas, que não expressam realmente o que necessitam.
Quantas vezes elas nos faltam, fogem de nossos lábios.
Não sabemos de fato o que precisamos. Sabemos o que queremos no momento, mas é o melhor para nós?
No serviço contamos com o encarregado para interceder em nosso favor ante o patrão num pedido de aumento ou melhores condições de trabalho.
Na escola contamos com o professor para interceder por nós diante da diretoria.
Em casa, o pai ou a mãe diante do cônjuge para nos dar mais dinheiro, menos tarefas.
Todos eles podem ter sucesso ou não.
E, nos assuntos realmente importantes, diante do Criador, deixamos de lado o Intercessor.
Que loucura! Principalmente porque o intercessor é “um” com o Criador!
A maioria de nós enfrentará circunstâncias difíceis nas nossas vidas. Quando isso acontecer, é possível que sintamos que nossas orações estão batendo no teto.
Nossas palavras parecerão vazias e inúteis. Parece que não conseguimos verbalizar o que está nos nossos corações. Sentimos que nossas palavras são ineficazes e insuficientes.
Então, o que fazer? Confiamos nessa promessa.
Chegamo-nos a Deus em oração! Mesmos quando não temos as palavras para dizer, oferecemos nossos corações a Ele, confiando que o Espírito Santo leva esses pensamentos, emoções e frustrações inarticuladas a Deus.
O Espírito faz conhecido o nosso coração a Deus, intercedendo por nós de acordo com a vontade de Deus. Mesmo quando não temos as palavras, o Espírito faz conhecidas as nossas necessidades. Que graça e segurança!
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